Ainda era adolescente e devia contar não mais que 16 anos. Em certa aula de Física, o professor deve ter notado um cansaço dominante na turma. Nessa hora ele propôs aos alunos: que tal uma higiene mental? Ficamos curiosos e recobramos o ânimo. Foi quando começou a narrar um curioso caso que envolvia a partilha de 35 camelos entre 3 irmãos segundo critérios que não resultavam divisões exatas (e ninguém queria cortar pedaços dos animais). Em meio à discussão acalorada, dois homens se aproximaram e um deles quis saber o que se passava. Diante do problema, sugeriu uma engenhosa solução que, além de resolver a questão, ainda foi mais lucrativa do que se pensava. O nome do jovem era Beremiz Samir, protagonista de um livro que acompanhou minha vida desde então: O Homem que Calculava.

Do autor, Malba Tahan, fiquei sabendo tratar-se do pseudônimo de um autor brasileiro e que havia escrito muita coisa acerca de Matemática (e outros temas também). Comprei e li muitos dos seus livros, mas O Homem que Calculava ainda está no topo da lista de preferidos. Por muitos anos, ensaiei um projeto ao mesmo tempo ousado e trabalhoso: levar os prodígios de Beremiz Samir aos quadrinhos.

Sabendo do imenso trabalho que teria, resolvi começar com pouco: faria a adaptação apenas dos capítulos iniciais, terminando com o famoso problema da divisão dos camelos. Afinal, foi por esta história que tomei conhecimento da obra de Julio Cesar de Mello e Souza, o verdadeiro nome de Malba Tahan.

Como mais uma homenagem à obra original, resolvi manter as aberturas de capítulos presentes no livro e contei com a ajuda de um grande colorista, o amigo Diego Luís, que muito contribuiu nesta tarefa.

O resultado pode ser conferido abaixo.

Capítulo I

No qual encontro, durante uma excursão, singular viajante. Que fazia o viajante e quais as palavras que ele pronunciava.

Capítulo II

Beremiz Samir, o Homem que Calculava, conta a história de sua vida. Como fiquei informado dos cálculos prodigiosos que realizava e porque nos tornamos companheiros de jornada.

Capítulo III

Onde é narrada a singular aventura dos 35 camelos que deviam ser repartidos por três árabes. Beremiz Samir efetua uma divisão que parecia impossível, contentando plenamente os três querelantes. O lucro inesperado que obtivemos com a transação.

Malba Tahan (ou Julio Cesar de Mello e Souza)

Julio Cesar nasceu no Rio de Janeiro no dia 6 de maio de 1895 e cresceu em Queluz (SP). Estudou e depois veio a lecionar no Colégio Pedro II. Escreveu livros de matemática e criou para si o pseudônimo MalbaTahan, através do qual publicou inúmeras obras entre as quais se destaca O Homem que Calculava (Editora Record). Por muito tempo o público acreditou que Julio Cesar e Malba Tahan fossem duas pessoas diferentes. Julio Cesar faleceu em Recife em 1974, todavia Malba Tahan continua vivo em seus livros e idéias. No Brasil, o dia 6 de maio é o Dia Nacional da Matemática. Para saber mais, visite www.malbatahan.com.br.

Marlon Tenório

Tirando o fato de que as iniciais do meu primeiro e último nomes são as mesmas de Malba Tahan e de que nasci 3 anos e poucos meses depois de sua morte, posso dizer que gosto de matemática, mas estou longe de ser dos melhores na matéria. Designer gráfico por formação pela Universidade do Estado da Bahia, já trabalhei com ilustração, quadrinhos e animação, quase sempre com temáticas voltadas à Educação. Publiquei algumas hitórias, dirigi alguns curta-metragens, acumulando alguns anos de carreira, hérnias de disco e cabelos brancos. O Homem que Calculava é minha primeira experiência (de fato), tentando adaptar uma obra para outro veículo. E como já disse, tentativa ousada e trabalhosa.

Para ver mais do meu trabalho, visite marlontenorio.com e para entrar em contato envie um email.